Linhas de Pesquisa

As principais linhas de pesquisa e atividades específicas na área energética são:

  • Planejamento da Operação, Despacho e Formação de Preço de sistemas hidrotermo-eólicos

  • Planejamento de Expansão e Avaliação energética/ambiental de Novos Projetos de G&T

  • Comercialização de Energia e Análise Financeira de Projetos

  • Avaliação de aspectos relacionados à transição energética: fontes intermitentes, armazenamento de energia, resposta da demanda e hidrogênio verde

  • Hidrologia Estocástica e Recursos Hídricos

  • Previsão de Carga de curto, médio e longo prazos

  • Técnicas Computacionais Aplicadas à Área Energética

A seguir, apresenta-se um resumo dos programas/modelos computacionais da área de otimização energética, cuja documentação mais completa é apresentada neste ambiente LIBs.

Planejamento da Operação, Despacho e Formação de Preço

Os modelos de otimização energética do CEPEL são utilizados para o planejamento e programação da operação, com horizonte variando de 5 anos a semanas, e com desagregação mensal, semanal e horária. O uso desses modelos de otimização/simulação garante a operação coordenada e ótima do sistema elétrico brasileiro, com o objetivo de minimizar o custo de geração, e considerando medidas de risco para melhor garantir o suprimento de energia.

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  • o modelo NEWAVE é destinado ao planejamento da operação de longo prazo (até 10 anos) e determinação dos valores da água, aplicando o algoritmo de programação dinâmica dual estocástica;

  • com a política de operação construída pelo NEWAVE, que é representada pelas funções de custo futuro para cada período, podem ser feitas simulações hidrotermoeólicas, seja com o próprio NEWAVE, ou com o modelo SUISHI, que pode simular o sistema com adoção de regras heurísticas e não lineares mais detalhadas;

  • a política do NEWAVE também alimenta o modelo DECOMP, que refina essa política, otimizando a operação no curto prazo, até 1 ano à frente, com discretização semanal ou mensal, aplicando Programação Dinâmica Dual;

  • o modelo DECOMP se integra, por sua vez, ao modelo DESSEM, que resolve um problema de unit commitment hidrotérmico por programação linear inteira mista, acoplando-se à função de custo futuro construída pelo DECOMP. O DESSEM é utilizado oficialmente desde 2020 para a programação do despacho pelo ONS, e desde 2021 para estabelecimento do preço de energia (PLD) horário, pela CCEE, atuando de forma integrada com os modelos NEWAVE e DECOMP;

  • a incerteza no regime hidrológico e de ventos é considerada no modelo GEVAZP, que gera cenários conjuntos de vazão e ventos para os modelos NEWAVE, SUISHI e DECOMP, considerando a correlação espacial entre essas variáveis;

  • o sistema PREVIVAZ utiliza técnicas estatísticas com informação de chuva para a previsão de vazões diárias para o DESSEM, e semanais para o DECOMP;

  • com o sistema CHEIAS, fazem-se estudos de prevenção e controle de cheias, enviando restrições referentes a volumes de espera para os modelos NEWAVE, DECOMP e DESSEM;

  • para a previsão de carga, são utilizados os modelos PrevCargaPMO, para previsão de carga para o modelo DECOMP, e PrevCargaDESSEM, para previsão de carga para o modelo DESSEM.

Ressalta-se que simulações individualizadas para o planejamento da expansão e operação do sistema - com o mesmo horizonte de planejamento adotado no cálculo da política do NEWAVE - podem ser realizadas de duas formas, utilizando-se as funções de custo futuro calculadas pelo NEWAVE:

  • através da simulação final individualizada no próprio modelo NEWAVE, ao longo de todo o horizonte de modelo, disponível no modelo a partir de Junho/2022.

  • através do módulo de simulação hidrotérmica do SUISHI, que considera de forma explícita as não linearidades e regras operativas dos reservatórios;

Estas simulações permitem não só a avaliação das condições de suprimento de energia no futuro pelas instituições, mas para os agentes avaliarem o desempenho de seus ativos de geração e transmissão, tanto existentes como futuros, e prospectarem o preço de energia

Execução Encadeada dos Modelos

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No programa mensal da operação e cálculo do PLD, os modelos NEWAVE, DECOMP e DESSEM são executados de forma sequencial e encadeada, ao longo do tempo, cada um com um horizonte de tempo, discretização temporal e periodicidade adequados com o nível de planejamento ao qual está associado:

  • execução do modelo NEWAVE uma vez por mês, para obter a função de custo futuro para as rodadas semanais do DECOMP, ao longo do mês;

  • execução do modelo DECOMP uma vez por mês, para obter a função de custo futuro para as rodadas diárias do DESSEM, ao longo da semana;

  • execução do modelo DESSEM de forma diária, para obtenção do despacho e preço horário para o dia seguinte

Contínuo aprimoramento ao longo do tempo

Os modelos atuam de forma integrada, e vêm sendo continuamente aprimorados para acompanhar o aumento da complexidade de operação do Sistema Interligado Nacional. Aqui podemos ver as principais funcionalidades incorporadas nesse período para o NEWWAVE, GEVAZP, SUISHI, DECOMP e DESSEM, além de uma série de aprimoramentos mais recentes vêm sendo implementados através da plataforma LIBS, contemplando simultaneamente todos os modelos e garantindo, assim, o desenvolvimento integrado e a inclusão de funcionalidades de maneira uniforme em todos eles.

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Finalmente, temos as pesquisas de base, que têm sido realizadas ao longo do tempo e constituem a fundação para o desenvolvimento das metodologias para os modelos de otimização energética do CEPEL. Tudo isso tem possibilitado o aprimoramento gradativo, ao longo do tempo, da representação das usinas hidrelétricas no modelo NEWAVE, sendo possível considerá-las hoje de forma individualizada em todo ou em parte do horizonte de estudo.

Aprimoramentos recentes nos modelos

A seguir, apresentam-se alguns aprimoramos recentes realizados nos modelos

Incorporação da incerteza na geração eólica

O primeiro é a incorporação da modelagem dos ventos nos modelos NEWAVE e DECOMP, representando a incerteza da geração eólica de forma conjunta com a incerteza nas vazões afluentes, cujas etapas estão resumidas na figura a seguir.

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A partir de dados históricos em base horária para a velocidade de ventos e geração eólica em cada parque, foi desenvolvida uma modelagem estatística para agregação dos regimes de ventos, de forma reduzir a dimensionalidade das variáveis aleatórias. Em seguida, construíram-se curvas mensais para representar a geração eólica em função das velocidades de ventos, a partir das quais faz-se uma regressão linear para considerar a curva de produção eólica em função da velocidade dos ventos, em escala mensal, com fatores diferenciados por patamar de carga.

Utilizando os modelos Par(p) e Par(p)-A com ruídos lognormais para as vazões, distribuição Weibull para as velocidades de ventos, e considerando a correlação espacial entre as variáveis aleatórias, faz-se uma geração conjunta de cenários para as vazões afluentes e as velocidades dos ventos. Os cenários são então inseridos no problema de otimização nos modelos NEWAVE e DECOMP, que consideram a geração eólica como uma decisão, e não como abatimento de carga, permitindo-se ou não o corte de geração, por escolha do usuário.

NEWAVE individualizado / híbrido

Outro aprimoramento importante é a representação das usinas hidrelétricas de forma individualizada no modelo NEWAVE, em todo o horizonte de estudo ou até determinada linha de corte no tempo, como apresentado no esquema a seguir. Dessa maneira, pode-se representar as usinas de forma individualizada nos meses iniciais do horizonte até determinado período escolhido pelo usuário.

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Após esse período de transição o modelo passa a representar as usinas hidrelétricas através da modelagem a reservatórios equivalentes de energia, REEs, havendo, portanto, a possibilidade de utilização da modelagem por REE na porção final do horizonte de planejamento.

Para melhorar o desempenho computacional, concebeu-se também o acoplamento, ao final do horizonte de planejamento, com uma função de custo futuro lida externamente. Essa função deve ser construída a partir de uma execução anterior do NEWAVE, eliminando assim a necessidade de consideração de um período pós estudo.

Finalmente, outro aprimoramento realizado recentemente no modelo NEWAVE foi o de permitir a realização de simulações individualizadas mesmo quando a política de operação (funções de custo futuro) é construída a reservatórios equivalentes de energia, em parte ou todo o horizonte de estudo. Com isso, pode-se fazer uma avaliação comparativa do desempenho do sistema quando simulado sob as mesmas condições e restrições operativas, porém utilizando funções de custo futuro construídas por REE ou com modelagem individualizada das usinas hidrelétricas. O esquema abaixo ilustra esse tipo de simulação.

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Aprimoramento das restrições elétricas no NEWAVE/DECOMP

Um terceiro desenvolvimento recente foi o aprimoramento da consideração das restrições elétricas já existentes nos modelos NEWAVE e DECOMP. Através de uma entrada de dados intuitiva, o usuário pode inserir qualquer expressão linear para uma restrição elétrica, informar a condição na qual a restrição deve ser incluída e informar os limites inferior e superior das restrições também de forma condicionada aos dados de entrada do problema.

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Com isso, é possível representar restrições lineares por parte que são fornecidas originalmente por meio de tabelas. Esta entrada de dados, que é o padrão que vem sendo utilizada no ambiente Libs, é em formato CSV, o que facilita a representação e legibilidade dos dados, além de ser bastante flexível.

Unit Commitment Hidráulico no modelo DESSEM

No final de 2023 o CEPEL disponibilizou uma versão do modelo DESSEM considerando a modelagem do acionamento e desligamento de cada unidade geradora das usinas hidrelétricas, assim como diversas restrições de unit commitment hidráulico, como ilustrado a seguir.

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Com a consideração dessas restrições, aproxima-se ainda mais a modelagem das usinas hidrelétricas à realidade operativa, reduzindo-se a necessidade de realização do “pós-DESSEM” pelo ONS. Do ponto de vista dos geradores, essa funcionalidade permite que se utilize o modelo DESSEM para representar de maneira mais fidedigna a distribuição do despacho de geração da usina (que é determinado pelo ONS) entre suas unidades geradoras.

Planejamento de Expansão e Avaliação energética/ambiental de Novos Projetos de G&T

São desenvolvidas metodologias para consideração das dimensões energética e socioambientais nas diversas etapas do processo de planejamento da expansão da geração e transmissão de energia elétrica. Estudos de inventários de bacias hidrográficas podem ser realizados com o modelo SINV, para aprimoramento do processo de tomada de decisão da melhor alternativa através de métodos multicritério, e é a ferramenta oficial para realização de inventários utilizando o conceito de avaliação ambiental integrada e seguindo as regras do Manual de Inventário Hidroelétrico de Bacias Hidrográficas.

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Em seguida, estudos integrados de planejamento de longo prazo da expansão da geração elétrica e de gás natural ou de todo sistema energético brasileiro podem ser realizados através dos modelos MELP e MATRIZ, respectivamente. O objetivo de tais estudos é estabelecer uma estratégia de expansão de usinas geradoras e interligações para o sistema elétrico, levando-se em consideração as interdependências com as outras cadeias energéticas de forma econômica e aspectos de confiabilidade e ambientais.

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Os resultados das simulações destes modelos podem fornecer importantes subsídios/condicionantes para o planejamento da expansão de médio e curto prazos realizados através dos modelos NEWAVE e SUISHI, de modo a obter-se a um programa de obras de referência, que visa à implantação de novos projetos de geração e transmissão, contratados por meio de leilões públicos. Com estes modelos calcula-se também a garantia física das usinas hidrelétricas e termoelétricas.

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A avaliação da garantia física atual e os impactos das novas fontes intermitentes de energia na garantia física das usinas no futuro é de suma importância para as empresas de geração, pois é um balizador para o estabelecimento dos contratos futuros de venda de energia.

Comercialização de Energia

No âmbito do sistema ECOMERC, são estudados aspectos relacionados à comercialização de energia elétrica, que envolve a utilização de todos os modelos para planejamento e formação de preço do SIN, e apresenta três módulos:

  • PLDPro: Prospecção de Preços de Energia;

  • SAZOPT: Sazonalização da Garantia Física;

  • MOP: Otimização de Portfólios

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Análise Financeira de Projetos

O DEA também desenvolve modelos para subsidiar a tomada de decisão de investimentos em projetos de geração e transmissão de energia. A principal ferramenta para a análise financeira e de riscos é o modelo ANAFIN, que apoia decisões de investimento das empresas, lidando com incertezas inerentes a cada projeto desenvolvido.

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Integração direta entre modelos de longo e curtíssimo prazos

Um aspecto fundamental é a integração direta do modelo de programação diária, DESSEM, com os modelos de planejamento da expansão, MELP, e planejamento da operação, NEWAVE. Isso permite que esses modelos consigam enxergar uma granularidade temporal detalhada nas decisões de expansão e na simulação da política de operação, o que é essencial na avaliação dos efeitos, na operação das fontes de energia tradicionais, da forte penetração das novas fontes renováveis de energia, como a geração eólica, solar, e geração distribuída(MMGD), assim como avaliar os impactos da grande incerteza e variabilidade horária dessas fontes.

Com essa integração entre os modelos, é possível avaliar também os benefícios da introdução, nos sistemas elétricos, de diversos elementos que compõem a transição energética, como usinas reversíveis, armazenamento de energia, resposta da demanda, e até a possibilidade de utilizar eventuais excessos de geração para produção de hidrogênio verde, que podem ser modelados como cargas adicionais no sistema.

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Esta integração tem não só uma função institucional, para uso pela EPE para avaliação dos impactos das novas fontes de geração na operação e preços da programação diária da operação, como pelos agentes do setor elétrico, para avaliarem o desempenho futuro de seus ativos em base horária, neste cenário de transição energética que estamos vivendo.

Cenários de Produção Eólica

O CEPEL desenvolve ainda modelos para previsão probabilístca de geração eólica, em intervalos horários, com horizonte de até 1 semana, com o modelo VENTOS. Além da previsão em si, o modelo pode fornecer quantis da distribuição da geração eólica.

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Com estes cenários de produção eólica é possível realizar uma série de estudos, tais como:

  • simular curvas de PLD horário, para diferentes curvas de geração dos parques eólicos;

  • realizar estudos integrados da expansão (MATRIZ, MELP) ou planejamento da operação (NEWAVE) integrando-se com o modelo DESSEM, considerando várias curvas de geração eólica futuros para este último.

Análises de Confiabilidade

Análises de confiabilidade de sistemas hidrotermo-eólicos podem ser realizadas utilizando o modelo CONFINT.

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Com estas análises de confiabilidade, pode verificar a adequação/confiabilidade do suprimento de energia do ponto de vista espacial, considerando falhas dos geradores e dos grandes troncos de transmissão.

Hidrologia Estocástica e Recursos Hídricos

Para essas atividades, são utilizados também: modelos para geração de cenários sintéticos de energia e vazões (GEVAZP) para os modelos NEWAVE e DECOMP, modelo de previsão de vazões (PREVIVAZ) e de controle de cheias (SPEC/OPCHEN)) para as usinas hidrelétricas e reservatórios para os modelos DECOMP e DESSEM.

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Estes cenários são essenciais para realizar de forma adequada:

  • prospecção de preços de energia para o curto, médio e longo prazos;

  • estudos de verificação do impacto, no longo prazo, de incorporação de novas fontes intermitentes, considerando a incerteza em sua geração de forma conjunta com a incerteza hidrológica.

  • realizar o planejamento adequado da expansão e operação do sistema.

Previsão e Modulação da Carga

A previsão de carga semanal/mensal para o modelo DECOMP é feita oficialmente utilizando a ferramenta PrevCargaPMO, e encontra-se atualmente em validação, para previsão de carga semi-horária para o DESSEM, a ferramenta PrevCargaDESSEM, desenvolvida em conjunto com o ONS. A ferramenta MODCAR é utilizada para determinar curvas de duração de carga (patamares) para os modelos NEWAVE e DECOMP.

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A previsão da carga é essencial para que se tenham dados adequados para os modelos de otimização energética, que são empregados em vários processos e estudos tanto pelas instituições do setor elétrico, como pelos agentes.

Técnicas Computacionais aplicados à área Energética

Os modelos de otimização empregam técnicas de processamento distribuído em suas formulações, computação de alto desempenho, disponíveis no laboratório LABCIN e podem ser utilizadas em ambiente de nuvem. Com isso, obtêm-se benefícios de redução dos tempos de processamento e possibilidades de modelagens mais precisas de componentes, até então representados de forma menos detalhada. Estão sendo desenvolvidos também, no âmbito do projeto Libs, algoritmos e facilidades computacionais para a programação, interface e integração dos programas da área energética, em um novo ambiente computacional que permitirá a unificação dos dados de entrada e saída dos modelos e seu uso por meio de uma interface gráfica Web.

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O CEPEL também está realizando uma parceria com a Google para permitir, no futuro próximo, a disponibilização do serviço de execução dos modelos de otimização energética na nuvem, usando o Google Cloud.