Dinâmica do Rotor da Máquina Síncrona¶
Na análise de estabilidade eletromecânica, a equação básica de oscilação dos rotores das máquinas síncronas é desenvolvida considerando que o eixo turbina-gerador é composto por uma única massa concentrada, com uma inércia equivalente (\(H\)), dada pelo somatório das inércias das massas individuais que compõem o rotor da máquina síncrona.
Nota
Este modelo é adotado nos estudos de transitórios eletromecânicos para a análise de oscilações entre dos rotores de cada máquina síncrona em relação às demais máquinas de sistemas multi-máquina, permitindo observar o modo eletromecânico de oscilação, tipicamente entre de 0.1 e 3 Hz.
Em um gerador síncrono, o torque de aceleração (ou desaceleração) é dado pelo desequilíbrio entre os torques mecânico, eletromagnético e de amortecimento aplicados ao rotor:
Sendo:
\(T_a\) = Torque acelerante , [N.m]
\(T_m\) = Torque mecânico, [N.m]
\(T_e\) = Torque eletromagnético, [N.m]
\(T_D\) = Torque de amortecimento, [N.m]
A equação de oscilação dos rotores das máquinas síncronas é baseada no princípio elementar da dinâmica que relaciona o torque acelerante do rotor com o seu momento de inércia e aceleração angular. Esta equação é descrita na forma:
Sendo:
\(J\) |
Momento de inércia da massa total do rotor |
\((kg.m^2)\) |
\(\theta_m\) |
Abertura angular entre o rotor e uma referência estacionária |
\((rad_{mec})\) |
\(\omega_m\) |
Velocidade angular de rotação do rotor |
\((rad_{mec}/s)\) |
t |
tempo |
\((s)\) |
\(T_m\) |
Torque mecânico suprido pela turbina subtraído das perdas rotacionais |
\((N.m)\) |
\(T_e\) |
Torque elétrico ou torque eletromagnético |
\((N.m)\) |
\(T_a\) |
Torque acelerante |
\((N.m)\) |
O torque mecânico \(T_m\) e o torque elétrico \(T_e\) são considerados positivos para o gerador síncrono. Em regime permanente \(T_m\) e \(T_e\) são iguais e o torque acelerante \(T_a\) é nulo. Neste caso, não há aceleração ou desaceleração no rotor, e a sua velocidade de rotação será constante e igual a velocidade síncrona.
As massas rotativas, que incluem o rotor do gerador e a turbina, estão em sincronismo com as outras máquinas do sistema e giram na velocidade síncrona. A máquina motriz pode possuir turbina hidráulica ou a vapor, para as quais existem diferentes níveis de complexidade de modelos.
Uma vez que o ângulo do rotor (\(\theta_m\)) é medido em relação a uma referência estacionária (estator), ele varia continuamente com o tempo na velocidade síncrona. Entretanto, há interesse em avaliar a velocidade relativa do rotor em relação a uma referência síncrona, sendo mais conveniente analisar a posição angular do rotor em relação a um eixo de referência que gira na velocidade síncrona.
Define-se:
Sendo \(\omega_s\) a velocidade síncrona da máquina, em radianos mecânicos por segundo, e \(\delta_m\) a abertura angular do rotor, em radianos mecânicos, em relação a uma referência síncrona girante.
Derivando em relação ao tempo, obtemos a velocidade angular do rotor:
Derivando novamente, obtém-se a aceleração do rotor em \(\text{rad}_{mec}/s^2\).
Nota
A velocidade angular do rotor (\(d\theta_m/dt\)) é constante e igual a velocidade síncrona apenas quando( \(d\delta_m/dt\)) for zero. Portanto, (\(d\delta_m/dt\)) representa o desvio da velocidade do rotor em relação com a velocidade síncrona, medido em \(\text{rad}_{mec}/s\).
A equação de oscilação pode ser normalizada em termos da constante de inércia (\(H\)), definida como a razão entre a energia cinética armazenada no rotor da máquina na velocidade síncrona (dada em \(W.s\)), e a capacidade nominal da máquina em [MVA] (\(S_n\)):
sendo \(\omega_{0m}\) a velocidade angular nominal em \(rad_{mec}/s\).
Descrevendo o momento de inércia \(J\) em termos de \(H\) na equação de oscilação da máquina síncrona, obtemos:
A equação acima pode ser convenientemente rearranjada da seguinte forma:
Definindo o torque base como \(T_{base}=S_n/\omega_{0m}\), e descrevendo a velocidade do rotor em por unidade como:
A equação de oscilação em por unidade é descrita pela expressão abaixo:
sendo \(\omega_r\) a velocidade angular do rotor em \(rad_{ele}/s\).
Definindo o ângulo de carga do rotor \(\delta\) como a posição angular do rotor em \(rad_{ele}/s\) com relação a uma referência síncrona:
sendo \(\delta_0\) o valor do ângulo de carga do rotor em \(t=0\). Derivando em relação ao tempo, temos:
Derivando novamente, obtemos a aceleração angular do rotor:
Escrevendo a equação de oscilação de máquina em termos da aceleração angular do rotor e expressando o torque de amortecimento \(T_D\) como uma parcela proporcional à variação de velocidade do rotor em relação à velocidade síncrona, temos:
sendo \(D\) o fator ou coeficiente de amortecimento em [pu de torque/pu de variação de velocidade].
O desvio de velocidade em pu é descrito como:
Portanto, a equação de oscilação pode ser reescrita como:
A equação acima é referida como a equação de oscilação da máquina síncrona, uma vez que ela reflete a variação do ângulo \(\delta\) em uma condição de desequilíbrio entre ps torques aplicados ao rotor da máquina.
A representação de espaço de estados das equações de movimento rotacional da máquina são expressas como um conjunto de equações diferenciais de primeira ordem, na seguinte forma:
com \(t\) em segundos, \(\delta\) em radianos elétricos e \(\omega_0=2\pi f\).
A figura a seguir ilustra o diagrama de blocos da equação de oscilação da máquina síncrona:
Ver também
Consulte a seção Equação de Oscilação do Anatem para maiores detalhes acerca da equação de oscilação considerada no Anatem e sobre as opções de execução que modificam o seu comportamento.